quinta-feira, 27 de junho de 2013

ONDE ESTÁ O AMOR

dos versos limpos
e dos escaldados, 
dos tristes cânticos 
d'outrora,
Que não me toca
nem de longe
e nem co's dedos
inseridos 
no fulgor
de minha solidão?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Censura ao deleite

Como posso esquecer o hino
da bandeira desconhecida
que brada amor como fixação? 
Como posso me perder perante
o cálice
de sangue imaculado
banhado à dádiva que é
o fio da vileza pura
que percorre as mãos
que enchem o cálice?

E meus seios
de cuja delicadeza ímpar
se permitem beijar
e infectar lábios outros
com o doce gosto
do intocável,
por que 
será?

Ainda assim, poderia eu
perder-me diante
ao fruto inigualável 
duma paixão 
que inexiste?
Percorro, eu mesma
meu corpo branco
e nem um 
liquido 
escorre 
para acusar possível 
volúpia

Só talvez, deva ser eu
o vazio
intenso
que não embrandece 
nem brilha
Cujo dom
do sentir
me não é presente.

A bandeira canta
e o meu riso afaga
o leve sabor
do que não fica.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Infortúnios, inglórias e incertezas

TALVEZ EU ROUBE
MEUS PRANTOS PROFUNDOS
DO SENTIDO ABSOLUTO DE CULPA

TALVEZ EU DISTRAIA O MORIBUNDO
QUE AGUÇA MEUS SENTIDOS, ABSOLUTOS
TAMBÉM

TALVEZ EU CAIA
POR ENTRE AS ESTREITAS CALÇADAS
E ME PERCA POR BAIXO
DOS CARROS
E ASTROS
SACROS

E ME PERCA
NA INFINITUDE
DO INFORTÚNIO HUMANO
E ME DISTRAIA
COM A MORTE
OUTRA VEZ ABSOLUTA
DO MEU EXISTIR

TALVEZ EU ROUBE
AS VESTES
PRECES
OS PRANTOS
CANTOS
E COM ELES NADA FAÇA

TALVEZ EU ROUBE
E MATE
E DESTRATE
QUE PARA ISSO NÃO SE
PRECISA
FUNDAMENTO.

TALVEZ
MAS SÓ TALVEZ
EU SEJA.
PORQUE O SER
JÁ É FUNDAMENTO.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Se existe o Paraíso, talvez eu prefira realmente não ir

Os monstros da percepção me acolhem, ninam-me com uma obscura canção, cuja melodia foi roubada do escuro labirinto das desilusões. Somos frascos transbordando veneno e percorremos ruas, poluindo calçadas e almas, disseminando esperanças com o sutil grito de dor. E fingimos, a cada instante, que conseguimos suportar as máscaras e o peso nos ombros, mas a coluna é frágil. Vivemos mancos, multiplicando a gordura do corpo flácido, e sucintamente congeminando o desdém. Então nada sobra, além do monstruoso arrepio dos tecidos que encobrem a carne humana; o feitio de encontrar um outro corpo-chave para rasgar esta mesma carne que se esconde sob os tecidos e dilacerar as vísceras. O que não se pode evitar, ao ouvir passos mancos a pestanejarem falsas relações impróprias entre um caminho e outro, é o dom inefável da múltipla percepção. O poder de aflorar a relação consigo e para com o outro... Andamos todos frágeis, nos sustentando sob mentiras e/ou esperanças, prosseguindo devido a lembranças de muitas faces e não sabemos sequer o momento de retirar a máscara de ferro que nos pesa e prende como não sei o quê, que impede o grito tenebroso de ecoar pelo universo "vazio".
Os Monstros do Enxergar me entendem. A tal máscara de ferro, inquebrável, cuja ela mesma é a causa de lágrimas inacabáveis, prantos inconsoláveis, não se faz satisfeita ao me sugar o último sopro de liberdade. Tal máscara já me fez amar, mas Que é o amor quando não se tem por verdadeiro? Que são todas as chances de vitória e os troféus acumulados, quando não se pode reconhecer a si mesmo?
Somos vazios ambulantes entupidos de medo, e é este o pior veneno. O que facilmente contamina. A cada passo, enviamos uma alma para o céu, esta, ingênua, parte sem saber reconhecer a si ou aos outros. Esta pobre alma liberta aos céus, toma o Paraíso sem saber o sentido em ser mais um na multidão que o habita entre preces e máscaras.
Será, o nosso medo, o que impede ou o que nos facilita a passagem ao Paraíso?

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Súplica absoluta rodeada de questionamentos embriagados

Quantas vidas,
mortes, súplicas
terei então de suportar?

Quantas voltas?,
bem claro é, que sufoca
o existencialismo barato
de um marco sádico
a me corroer.

Quantas "des"
e ilusões
me há a vida
de colocar?

a prensar vitórias
e distribuir
almas ilusórias
ao vão imperfeito
do verbo "amar"?

Corroer-me-á
a existência própria
e a voz,
ao citar, descaradamente,
poemas chulos
vingativos nulos
dum amor 
pouco solene.

desdizer as sensações
revelar dois corações sem face
a avistar membros hábeis 
e colorir risos frágeis
por não haver o que hoje há.

Semelhança alguma? 
Ternura foi-se?
As desilusões
conjugações errôneas
de tantos verbos clichês...
E não há um
porquê específico. 

Há hoje o que antes não foi
E, por não ter sido, 
pode, enfim, ser
Mas, que diabos?!
Amor descontratado
fugaz sentimento ressaltado
Que se exalta a revelar-se inútil

Que poderá, este amor
no fim,
Perdido no vão insano
Que são as palavras 
e suas denotações,
Dizer que é? Buscar aqui?

Quantas vidas, ó maldita Lei de Tempo,
espaço, crença,

PERDIÇÃO,
Terei ainda de enfrentar?
E ter corroída a alma 
(em quantas vidas),
em seu sentido e calma, 
por não me mais ponderar?