sexta-feira, 8 de março de 2013

Esdrúxula questão, desgaste

Há algo falho, ininterrupto, habitando estranhamente cada uma de minhas entranhas. E tudo o que se esvai junto ao suor diário é o excesso de cansaço fora ao peito, que amontoa num corpo cálido, cheio de vermes a percorrerem cavidades indispensáveis. Os desejos insanos, selvagens, vão completamente de encontro ao significado biológico da função de cada célula. Milhares de células! E os vermes formigam, fornicam por entre eles mesmos e dentro de mim, nada sai após isso... Nada entra, também. Há uma parede imensa tal qual Muralha da China que impede a passagem, o retorno, e também todo e qualquer avanço. Os vermes passeiam. Sou apenas uma molécula imensa de água! (um conjunto delas)... Uns sais minerais aqui, umas proteínas ali e nada seria se nada consumisse. A dose diária do temor alheio. Dose diária de sacas e mais sacas de nada além do promíscuo processo evolutivo único, humano. 
Os vermes desgastam o Hipocamo, Deus da sabedoria. A memória falha, o reflexo ao espelho é uma interrogação em diversas cores e desfoque máximo... E nada disso altera coisa alguma. Todas as ações fazem-se cumprir naturalmente. Os pés andam em linha reta e até mesmo afastam-se dos carros em alta velocidade. A mente responde bem às questões matemáticas. Os dias terminam do mesmo modo que começam. O Sol nasce, põe-se; a Lua aparece e diz adeus, mas continua. Falar das estrelas arranca-me um pouco o pesar, no entanto, nem sempre há o que dizer. Pois as letras misturam-se! E cada novo erro é uma descoberta magnífica que pode ou não alterar o rumo da humanidade. Novamente, dia após dia, as respostas chegam e se vão quase que seguindo um roteiro escrito por "sabe-se lá quem" ou "onde" ou "por que". Talvez alguns saibam, ou julgam saber. Mesmo assim, respostas óbvias continuam a ser reescritas e aplaudidas e mexem com o sentido, a sensibilidade de qualquer um. SENTIMENTALISMO EXACERBADO, ESDRÚXULO, MAL ESCRITO.
O sentido sempre esteve na ênfase, o segredo. A verdade geral é o modo com o qual se fala.
Impaciência, a mesma que habita milhares de entranhas mais, consome muito mais a mim que os vermes, até mesmo. Arranca tudo! Destrói... (Já houve algo?). O problema são as dúvidas que vêm... Existo? Quem garante a mim que sou ponto físico, além de uma bomba abstrata autodestrutiva? 

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